Existem
hoje motivos de sobra para que uma candidatura crítica, construtiva e pautada
pelos valores da cidadania académica se apresente na eleição para o novo
Conselho Geral. Os valores do Movimento
Universidade Cidadã permanecem (ver aqui: http://bit.ly/WsyeZx), mas o contexto
alterou-se substancialmente. A vida da nossa Universidade ficaria mais pobre se
não disséssemos presente e se não convocássemos todos para o debate e a ação.
Por isso aqui estamos.
O
novo modelo organizacional e de governação das Universidades, com os aspetos
positivos e negativos que então lhe apontávamos, foi institucionalmente
apropriado a partir dos Estatutos da UMinho e das práticas dos seus diferentes
órgãos de governo e de gestão, tendo a Instituição iniciado, a vários títulos,
uma nova fase de normalização, designadamente em termos de relações entre os
órgãos de governo, de prestação de contas, de acesso a informação pertinente e
de debate e decisão sobre as linhas de desenvolvimento estratégico, no âmbito
do Conselho Geral.
Contribuímos, no nosso nível de intervenção, para a referida
normalização institucional e nunca desistimos de procurar incorporar em tais
documentos os princípios que defendemos, o que permitiu que a maioria das
principais orientações de governo tenha sido aprovada com os nossos votos
favoráveis. Prescindir dessa pluralidade de contributos e da respetiva
capacidade de concertação significaria um unanimismo empobrecedor da UMinho e
do seu Conselho Geral. Mas há ainda muito por fazer, seja naqueles planos seja,
também, no que se refere às respostas ao contexto crítico que devemos
enfrentar, não por simples adaptação ao meio envolvente, nem através de
processos de limitação, ou suspensão, da liberdade académica de professoras/es
e investigadoras/es.
Orientámo-nos,
ao longo dos últimos quatro anos, segundo o princípio que havíamos anunciado, e
que continuamos a manter convictamente: o Conselho Geral não pode ser
transformado numa “caixa-de-ressonância do Reitor” nem num “locus de oposição” à ação deste. Por
isso continuamos a afirmar, como então, que “é imprescindível que o Conselho
coopere intensamente com o Reitor, e vice-versa, no respeito pelas
prerrogativas de cada uma das partes e sem prejuízo do pleno uso de todas as
competências de ambas”.
Certamente
com erros e limitações, procurámos, todavia, levar à prática aquela que foi, e
continuará a ser, uma orientação central da Universidade
Cidadã: agir “com independência, sentido crítico e responsável, de forma
exigente, implicada e simultaneamente solidária para com os outros órgãos da
Instituição, tendo o interesse público, a missão, os objetivos, a governação
democrática e o prestígio da Universidade do Minho como referenciais
inalienáveis”. Não o fizemos, nem o faremos no futuro, contra ninguém, mas
somente a favor de um ideal universitário.
Frequentemente, as nossas posições
surpreenderam vários observadores, talvez interessados em representar-nos como
opositores sistemáticos, embora outras vezes os tenham, manifestamente,
desiludido, sempre que tenderam a confundir a nossa lealdade para com o
superior interesse da Universidade com cooptação, como se pudéssemos alguma vez
abdicar da defesa intransigente da natureza pública da UMinho e da sua
governação democrática, única razão que nos tem mobilizado.
Por
várias vezes conseguimos fazer aprovar as nossas propostas (como no caso da
abertura de, ao menos, uma reunião anual do Conselho Geral). Noutras
circunstâncias averbámos insucessos (como no caso da proposta de referendos nas
Escolas a propósito da passagem ao regime fundacional e, mais tarde, da votação
maioritária que ocorreu a favor daquele regime). Mas nunca esquecemos os nossos
compromissos eleitorais (aqui: http://bit.ly/YmMzM7), desde logo mantendo
a recusa em patrocinar, ou apoiar, qualquer candidatura a Reitor. Essa decisão,
que motivou desconfiança e várias críticas, libertou-nos de constrangimentos
vários, reforçou a nossa capacidade de ação autónoma, dispensou-nos de qualquer
disciplina de voto, de comportamentos mais ou menos reverenciais e de
intervenções de feição panegírica que, pensamos, não aproveitam à Universidade,
onde o espírito crítico deve predominar, e nem sequer ao seu Reitor.
A
defesa do caráter colegial do Conselho Geral e da sua natureza fiscalizadora;
a
disponibilidade para o diálogo e a concertação;
a preparação sistemática das
reuniões; a produção de propostas e moções;
a participação ativa nas comissões
especializadas e na preparação de documentos;
as sessões de debate sobre o
regime fundacional realizadas em várias Escolas;
a análise detalhada dos
principais relatórios, orçamentos e contas, planos de ação;
a informação
objetiva, através do nosso Blogue, dos mais importantes documentos e declarações
de voto que produzimos, representam uma atitude sistemática de responsabilidade
para com o mandato que professoras/es e investigadoras/es nos atribuíram, de
resto uma exigência face ao lema que escolhemos e que procurámos servir: Universidade Cidadã.
A
convicção de que uma presença expressiva do nosso ideário no Conselho Geral
continuará a fazer a diferença e de que a garantia de uma participação crítica
e ativa por parte da Universidade Cidadã
se revelará ainda mais decisiva nos próximos anos, representa a única razão da
presente candidatura, a qual continua a não pretender fazer eleger um candidato
a Reitor, ou a apoiá-lo incondicionalmente no exercício do seu cargo, ou, ao
contrário, a opor-se-lhe sistematicamente.
[Este é o primeiro de uma série de textos que, no seu conjunto, configuram o ideário da Lista A - Universidade Cidadã. Todos os contributos, comentários, críticas construtivas e sugestões serão bem acolhidas por esta candidatura]
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