08/03/13

Depoimento - 6

Simetria e(m) democracia


     Por Lisa Santos, Professora da Escola de Ciências

Somos todos professores, todos nós avaliamos. A nossa “matéria prima”, os alunos, não nos chega em bruto. Foi trabalhada pelos pais, professores anteriores, amigos. Mas, quantos de nós sentimos que, num relance, os conseguimos classificar num certo tipo de pessoa, “tomar-lhes o pulso”? Tal como em relação aos meus alunos, nada sei sobre a génese de cada lista, sobre as discussões acesas que conduziram aos seus princípios orientadores e vou até fingir que não os li. Mas a sua constituição permite-me inferir sobre as pessoas que a ela pertencem. Como em alguns livros policiais antigos, deixo aqui o “desafio ao leitor”, fornecendo-lhe os dados que recolhi:
(Clicar nos quadros para ampliar e voltar a clicar para regressar ao blog) 
Tirem as vossas conclusões antes de eu vos apresentar a minha.
Fui contratada pela Universidade do Minho em 1984. No Departamento de Matemática éramos 18, só 3 com o doutoramento. Hoje somos 60, todos doutorados. Com o tempo, tornou-se inviável continuar com o modelo de gestão inicial, em que as decisões eram tomadas por todos os doutores. Percebi, nessa altura, observando, como é difícil o exercício da democracia, como é difícil para as pessoas delegarem poderes que já foram seus.
O RJIES trouxe-nos, em 2007, o atual modelo de gestão das universidades. Neste modelo deixaram de existir órgãos plenários. Temos agora de exercer, certamente de uma forma mais responsável, o direito e o dever de escolher quem nos governa. Mas quem nos governa tem de nos representar. Representação também significa equilíbrio: Escolas diferentes têm realidades e necessidades diferentes; diferentes categorias de docentes têm também realidades e necessidades diferentes, os mais novos na categoria com mais anseios, os mais antigos com mais responsabilidades.
Sou matemática, de coração e de profissão. É comum ouvir dizer que os matemáticos só pensam em números. Esta afirmação básica é falsa, os matemáticos procuram padrões.
Ao tentar avaliar a constituição das 3 listas candidatas ao Conselho Geral, agrupei a informação. Ficou claro para mim que a lista A (que já tinha subscrito, por razões que nada têm a ver com estas observações a posteriori) é a que melhor distribui os candidatos pelas Escolas e pelas categorias.
Dir-me-ão que não entrarão candidatos de todas as Escolas e de todas as categorias por nenhuma das listas. Claro que não! Mas os princípios assumidos na constituição de cada lista permitem-me inferir, tal como o faço no primeiro contacto com os meus alunos, sobre as pessoas que constituem essa lista.

Sem comentários: