29/04/09

Nós, nêsperas que não queremos ser comidas


 Todos sabemos que o Senado deixou de ser um órgão de Governo da Universidade, tendo sido até agora o seu órgão principal.

 

A tarefa que espera aqueles que de nós vierem a ser eleitos é, antes de mais nada, a de no Senado exprimir o sentir da Academia, a sua vivência, preocupações e aspirações.

 

Fora do enquadramento das Escolas e dos interesses que nelas se exprimem, os legítimos interesses dos Departamentos e dos distintos grupos disciplinares, e ainda os legítimos interesses dos centros de investigação, naqueles que de nós vierem a ser eleitos para o Senado recai a obrigação de serem vozes livres.

 

Apresentamo-nos a escrutínio da Universidade para sermos porta-vozes dos seus anseios e para ajudarmos a definir as políticas de ensino e investigação, criando condições para o exercício esclarecido, participado e transparente das nossas políticas.

 

Em síntese, cabe-nos criar condições para a excelência da nossa Academia: excelência na definição das políticas de ensino, investigação, extensão e internacionalização; excelência nas práticas de gestão da Universidade; excelência na participação da Academia nas tomadas de decisão.

 

Mas existem coisas importantes a distinguir as diferentes listas que se apresentam a sufrágio. O que nos distingue são as nossas propostas. É também o nosso estilo. E é ainda a vontade de servir valores que julgamos necessários à vida académica e a uma Universidade de qualidade.

Entre esses valores está, antes de todos os outros, a ligação das ideias e das convicções à prática. Pensamos, aliás, que é apenas essa ligação das ideias e das convicções à prática que dá substância ao propósito de excelência académica. Convicções e ideias sem prática, assim como prática sem ideias nem convicções, fazem da Academia um propósito viscoso, gelatinoso, além de uma água-chilra que apenas serve para nos enfastiar.

 

É um facto, os estilos distinguem-nos.

Reparando nos subscritores da lista B, vemos que são os mesmos colegas que subscreveram a lista para o Conselho Geral.

Com um acrescento de monta, todavia: agora os subscritores da lista B integram membros do Conselho Geral. Mais, alguns membros do Conselho Geral até lhes fazem a campanha na intranet, o que dá para ver bem a liberdade destes professores e investigadores que concorrem ao Senado.

 

É verdade, não é ilegal que membros do Conselho Geral subscrevam listas de candidatos ao Senado. Mas não deixa de ser surpreendente como linha de conduta e como atitude.

Lembramos que a lógica da constituição dos dois órgãos, Conselho Geral e Senado, é tão diversa que os Estatutos determinam a incompatibilidade em se pertencer em simultâneo aos dois órgãos.

O facto de membros do Conselho Geral subscreverem uma lista, no caso a lista B, não é coisa sadia. Significa grande confusão sobre o entendimento da natureza dos dois órgãos e significa, igualmente, a dependência dos professores e investigadores do Senado relativamente aos membros do Conselho Geral que os propõem.

 

Coisa diferente e mais obtusa ainda, para não dizer coisa grave, é vermos todos os membros da lista B, que agora se apresentam como candidatos a Senado, a serem em simultâneo proponentes da lista.

Essa é boa! Quem concorre propõe-se a si mesmo?! Além de obtusa, esta situação configura mesmo uma irregularidade estatutária. Nem se entende como é que a Comissão Eleitoral, que foi tão lesta no passado a recusar uma lista de estudantes, não veja agora esta trave atravessada no olho da lista B.

 

Estilos. Atitudes. Práticas.

Pronunciemo-nos também sobre a lista C.

 

A 22 de Fevereiro último, no blogue da lista C, que é a lista do Professor Fernando Castro, foi estabelecido o compromisso de «auscultar os eleitores sobre o perfil dos elementos externos do Conselho Geral».

Ora, o que é que foi feito deste compromisso? O que é facto é que este compromisso não foi cumprido. Não vamos discutir se haveria ou não condições para o cumprir. O que há a assinalar é que não se promete o que não temos a certeza de podermos cumprir; não se fazem promessas vãs e enganosas.

 

Somos conhecidos por um estilo. Temos ideias e convicções, sim, mas associamo-las à prática. É este estilo, que exprime valores e pelo qual somos reconhecidos, que a sermos eleitos manteremos no Senado.

 

1. Quem quiser dar um sentido à eleição de professores e investigadores para o Senado apenas pode votar na lista A. Não tem outra alternativa.

 

A lista A é que impôs na Assembleia Estatutária eleições de professores, alunos e funcionários.

 

A lista B não quis elementos eleitos de professores e alunos no Senado. E menos ainda quis funcionários.

A lista B queria apenas um Senado esvaziado de dimensão política e estratégica, queria uma espécie de Conselho Académico, que não fizesse mais que enquadrar institucionalmente os projectos pedagógicos e científicos.

 

2. A lista A vê no Senado a oportunidade para vozes livres poderem ser porta-vozes da Academia, das suas vivências, anseios e preocupações.

 

A lista B teria dispensado, com prazer, a voz dos professores e investigadores no Senado. Satisfaz-se em ser uma flor na fachada democrática da nossa Universidade, que aliás tem insistido em funcionar oligarquicamente, com poucos, muito poucos, a reactivar em permanência o mistério da obediência de muitos.

Os membros da lista B são propostos por membros do Conselho Geral, alguns deles até lhes fazem a campanha, com intervenções na intranet. De modo nenhum a Academia pode ver neles vozes livres. O mais que pode ver neles é flores na lapela dos membros do Conselho Geral que os propõem.

Tudo na lista B exprime o pouco interesse que lhes desperta o Senado como fórum de debate académico: discursos redondos, lugares comuns, água chilra, pantominas, funambulismos vertiginosos.

 

3. As propostas e o estilo falam por nós. A Academia sabe que a lista A pode dar expressão a uma Universidade de pensamento inquieto, uma Universidade que pratique o desassossego crítico, que seja insubmissa diante de todas as tutelas, e que tenha horizonte para lá do pequeno cálculo e da pequena fraqueza da acomodação.

 

A lista B é o contrário de tudo isto.

É mestre em pantomina e em funambulismo.

Mudando de pele várias vezes, é uma criatura híbrida.

Na Assembleia Estatutária foi a lista do Reitor.

Para o Conselho Geral caiou-se de branco e apareceu recauchutada, como fosse novinha em folha, desvinculando-se do seu passado, ela que tinha sido o esteio do Reitor e das suas políticas.

As eleições para o Senado permitiram à lista B uma nova metamorfose. É agora a campeã da democracia e da participação, reclamando-se de uma Universidade para as pessoas, ela que não quis eleitos no Senado.

E vem ainda valorizar a importância do Senado na definição estratégica da Universidade, sendo certo que nada fez para impedir que o Senado se esvaziasse politicamente, quando o Reitor transladou a competência estratégica para o Conselho Estratégico, um órgão que fundou com membros por si escolhidos.

 

4. Quem quiser dar um sentido à eleição de professores e investigadores para o Senado apenas pode votar na lista A.

É que nós também não vemos que alternativa possa constituir na Academia a lista C.

Números e gráficos sem ideias, números e gráficos sem visão política e estratégica, não permitirão esclarecer, definir e escrutinar coisa nenhuma. Os números são opacos, não falam por si, quando não existem ideias e pensamento crítico que os façam falar.

Números e gráficos sem ideia política e estratégica não podem concorrer para que o poder se exerça de um modo transparente e a decisão política e estratégica possa ser esclarecida e participada.

Os números não são razão suficiente. Números e gráficos sem ideias o mais que podem concorrer é para um gerencialismo opaco.

Os números e os gráficos pedem ideias e convicções, associadas umas e outras à prática, pois apenas estas permitem criar condições para a excelência académica.

 

É este o nosso propósito. Fiel à ideia de uma comunidade académica, de professores, investigadores, alunos e funcionários, a lista A agirá no respeito pela integridade da natureza científica, pedagógica e cultural da Universidade, e da mesma forma agirá pela diversidade das distintas Escolas. 

 

Lista A

Moisés de Lemos Martins - Professor Catedrático (ICS)

Luís Soares Barbosa - Professor Associado (EENG)

Aldina Marques - Professora Auxiliar (ILCH)

Armando Almeida - Professor Associado (ECS)

Carlos Páscoa Machado - Professor Associado (EEG)

Ana Cunha - Professora Auxiliar (EC)

 

Mandatário: Miguel Bandeira - Professor Associado (ICS)

Sem comentários: