15/01/13

Universidade Cidadã vai apresentar lista ao Conselho Geral

Nas eleições que estão convocadas para o Conselho Geral, a realizar em Março próximo, o Movimento Universidade Cidadã tenciona apresentar uma candidatura. As reuniões e contactos já realizados têm despertado notório interesse na academia.
O texto seguinte resume algumas das preocupações que têm estado presentes nesses contactos e que o Movimento assume como linhas da sua visão da Universidade e da sua ação.

Universidade Cidadã: defender a liberdade e a autonomia académicas em tempos de crise 

A convicção de que uma presença expressiva do ideário da Universidade Cidadã no Conselho Geral continuará a fazer a diferença e de que a garantia de uma participação crítica e ativa por parte dos nossos eleitos se revelará ainda mais decisiva nos próximos anos, representa a razão do nosso apoio à presente candidatura. 
Defendemos uma Universidade Pública que seja capaz de exercitar o seu autogoverno democrático, a todos os níveis da sua organização e através da prática da autonomia académica, desde logo por parte dos seus professores e investigadores, uma vez que não existem organizações autónomas à margem, ou para além, da autonomia, individual e coletiva, dos seus membros. 
Inequivocamente favoráveis ao aprofundamento da autonomia organizacional e de gestão que, contudo, não pode ser confundida com independência face ao Estado nem com maior dependência face ao mercado e aos interesses privados, entendemos que a autonomia e liberdade académicas são as marcas distintivas da Universidade e dos Universitários. A sua autonomia é indispensável ao trabalho académico que desenvolvem, com liberdade de pensamento e de orientação, garantindo a liberdade de ensinar e de aprender, a criatividade, o debate e a crítica, o direito a errar e a corrigir, ou a começar de novo, a publicar resultados que, eventualmente, possam desagradar aos poderes instituídos, quaisquer que estes sejam, incluindo os universitários. 
Atualmente, os académicos sentem uma intensificação do seu trabalho sem precedentes e, por vezes, até aos limites do esgotamento físico e psicológico. Essa intensificação resulta não apenas de uma competição desenfreada (e que é politicamente induzida) e da maior diversidade das tarefas que lhes são exigidas, mas também de novos instrumentos de vigilância e de controlo informático por parte de uma hiperburocracia capaz de penetrar em todas as áreas da cultura académica e de alterar profundamente o clima de trabalho e de convivência, as relações sociais, a gestão do tempo, a possibilidade de encontro, de diálogo e de cooperação, a solidariedade e a entreajuda, e até a própria identidade profissional. 
A incontornável motivação de professores e investigadores, em tempos de acentuada crise e em contextos organizacionais predominantemente adaptativos, representa hoje um dos grandes problemas, pois sem académicos confiantes, criativos e mobilizados, capazes de correr riscos e de fazer ouvir as suas vozes, não há, simplesmente, verdadeira Universidade. Por estas razões, é necessário garantir que no Conselho Geral tenha voz uma visão não meramente adaptativa da Universidade à crise - aquela que procura sobretudo formas de a gerir -, mas que, pelo contrário, não desista da vocação crítica e de diagnóstico da sociedade e da economia, das capacidades cognitivas e das obrigações ético-políticas da Universidade para com a Comunidade, no sentido de afrontar criativamente a crise e de, responsavelmente, contribuir para a sua superação. 
Democracia e participação, rigor e transparência na gestão, exigência e solidariedade, publicidade dos seus atos, defesa do interesse público, promoção do prestígio da Universidade, abertura à Sociedade, são alguns dos mais relevantes princípios que integram a carta de valores que defendemos, designadamente através do apoio à presente candidatura.

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