19/05/14


Em defesa do aprofundamento da democracia em contexto universitário

Lista A - Candidatura da Universidade Cidadã ao Senado Académico da UM



Razões para uma candidatura
Num tempo de múltiplas crises (financeira, económica, social, democrática…) e incertezas quanto aos futuros (im)prováveis, cuja construção se encontra  ligada aos atores sociais e à sua capacidade de pensar e influenciar as micro, meso e macroestruturas sociais, o conjunto de professores e professoras, investigadores e investigadoras que constituem a presente candidatura ao Senado Académico da Universidade do Minho tem como objetivo fundamental, dentro das competências do órgão a que se candidatam, dar cumprimento ao ideário da Universidade Cidadã. Cumprir esse ideário significa a construção de contextos e processos propiciadores de uma vivência universitária que, fugindo aos cânones estabelecidos, dê visibilidade à multiplicidade de perspetivas e de sensibilidades que caracterizam e fazem parte da Academia, construindo práticas de cidadania ativa crítica, de exercício de uma cidadania responsável, autónoma, criativa e emancipatória.
Dentro dos compromissos assumidos pela Universidade Cidadã, destacamos, nesta candidatura:
a)     Defesa do caráter público da Universidade e da sua gestão democrática, favorecendo práticas de colegialidade, contra a concentração excessiva de poderes.
b)     Desenvolvimento das práticas de participação e de publicidade democrática relativas aos atos de governo e de gestão.
c)     Respeito ativo pela diversidade dos saberes, áreas de conhecimento e subculturas académicas, contrariando tendências para a estandardização e a homogeneização, que tantas vezes desqualificam ou menorizam o outro.
d)     Defesa do património da Universidade, abrindo-o ao espaço e à fruição públicos, sem barreiras desnecessárias e à margem de critérios mercantis.
e)     Acesso à informação através de adequados meios de circulação, vertical e horizontal, garantindo a indispensável comunicação na Academia.
f)      Criação de um ambiente educativo de cidadania ativa e crítica e de aprofundamento dos direitos humanos, contra todas as formas de discriminação, incluindo campi livres de praxes.
g)     Abertura à crítica, sensibilidade e atenção aos problemas da vida universitária.
h)     Defesa intransigente do prestígio e do superior interesse da Universidade, reforçando a sua natureza de bem público ao serviço de uma sociedade mais democrática, desenvolvida, sustentável e solidária.
i)       Atitude simultaneamente cooperativa, crítica e leal para com todos os órgãos de governo e de gestão, com destaque para o Reitor.
j)       Procura da excelência académica no ensino e na investigação, entendidas como dimensões não separáveis, mas antes complementares, e à luz de um conceito de qualidade social e educativa para todos.
k)     Abertura à sociedade e interação com a comunidade, em termos de reciprocidade e de responsabilidade social e ético-política.
l)       Valorização social, cultural e económica do conhecimento produzido, de acordo com o interesse público.
m)   Promoção de uma real liberdade e autonomia académicas, nos planos científico, pedagógico e cultural, para docentes e investigadores/as, capaz de potenciar a concretização dos seus direitos.

Neste sentido, aprofundamento da democracia em contexto universitário significa:
a)     Reflexividade e ação fundamentada.
b)     Transparência e participação nos processos de decisão.
c)     Transformação do poder, melhorando e aprofundando práticas democráticas, construindo-o na sua horizontalidade.
As autoras e os autores desta candidatura comprometem-se, assim, através da mesma, a desenvolver processos participados na tomada de decisão, articulando democracia representativa e democracia participativa, auscultando (e discutindo com) os/as colegas em todos os assuntos que afetem o seu quotidiano profissional e que façam parte da agenda do Senado ou em outros assuntos considerados relevantes dentro das competências deste órgão.
Este aprofundamento da democracia implica uma Universidade mais esclarecida, que não se deixa dominar por um determinismo (mais ou menos) subtil de determinadas agendas científico‑financeiras, abrindo-se a outros apelos e a outras visões da sociedade; uma Universidade mais participada, com professores/as e investigadores/as autónomos/as, responsáveis, interventivos/as e transformadores/as; uma Universidade mais humanizada, que significa uma universidade que se pensa e se desenvolve tendo o bem-estar da pessoa como centro da sua ação pedagógica e científica, contribuindo para a humanização das sociedades.


Sobre a posição da presente candidatura face às competências específicas do Senado
O Senado Académico é um órgão consultivo que, de acordo com o consagrado nos Estatutos da Universidade do Minho, “assegura a coesão da Universidade na prossecução da sua missão, cumprindo funções de coordenação, prospetiva e planeamento em matérias pedagógicas e científicas que ultrapassem o âmbito das unidades orgânicas”. Os Estatutos definem os assuntos que são submetidos à apreciação do Senado, incluindo-se nestes a sua principal, ou talvez mais exigente, competência, de âmbito lato, e explicitada como a “…análise estratégica da oferta educativa, da atividade científica e da atividade de interação com a sociedade, tendo em conta o quadro de referência internacional”.
Importa, pois, apresentar, neste documento, a posição e a visão, também necessariamente genéricas, da lista candidata face a esta competência central do Senado Académico.
As atividades de ensino, investigação e interação com a sociedade constituem pilares fundamentais que definem a missão da Universidade e que coexistem, articulando-se entre si, dado que a criação de conhecimento condiciona fortemente a vertente educacional e de interação com a sociedade.
Queremos realçar, como preocupação fundamental desta candidatura, a manutenção e reforço da autonomia dos investigadores e investigadoras, professores e professoras no que diz respeito às três vertentes acima mencionadas. A autonomia requer um exercício simultaneamente coletivo, por parte da Universidade no seu todo, e individual, por parte dos seus elementos docentes e discentes, e é um valor essencial que faz parte do âmago e da natureza da Universidade. A autonomia garante a liberdade académica face a pressões externas e internas e origina, consequentemente, o debate, a crítica e os processos que permitem o avanço do conhecimento, sendo fundamental para que a Universidade cumpra adequadamente a sua missão.
Uma perspetiva mais humanista, mais cívica e mais integral da vertente educacional, tem sido comprometida por pressões imediatistas, e muitas vezes economicistas, que têm influenciado recentes alterações nos planos de estudos dos cursos da Universidade. Pensamos ser necessária uma perspetiva educacional que facilite, quer a adaptação a dinâmicas aceleradas de mudança científica e tecnológica, quer também o desenvolvimento de uma consciência humanista e de uma ação cívica, essenciais num mundo caracterizado por fortes transformações e desafios sociais e ambientais.
A interação com a sociedade tem-se mostrado uma vertente com crescente importância. No entanto, tem sido interpretada, nos últimos tempos, de forma preferencial, como a interação com as empresas. Não negando a validade e a oportunidade dessa relação, e admitindo as enormes pressões políticas e financeiras que a essa perspetiva têm levado, consideramos  que a interação com a sociedade não deve privilegiar (apenas) esse segmento da sociedade. A democratização da Universidade passa também pela democratização da interação com a sociedade, alargando o leque de relacionamentos e de serviço a grupos e dinâmicas sociais e políticas que não são necessariamente ditadas por motivos económicos. A legitimação da instituição Universidade perante a sociedade no seu todo certamente exigirá desta uma abertura e uma atenção maior à totalidade dos grupos, sensibilidades e epistemologias que a compõem.


LISTA DE CANDIDATOS
Maria José Manso Casa-Nova
Profª. Auxiliar
IE
Fernando Augusto Pinto Miranda
Prof. Auxiliar
ECUM
Isabel Cristina Pinto Mateus
Profª. Auxiliar
ILCH
Luís Manuel de Jesus Cunha
Prof. Auxiliar
ICS
Fernando Carlos Cabrita Romero
Prof. Auxiliar
EENG
Isabel Maria Estrada Carvalhais
Profª. Auxiliar
EEG



SUBSCRITORES EFETIVOS

Ana Cristina Braga
Profª. Auxiliar
ENG
Cacilda Maria Lima Moura
Profª. Auxiliar
ECUM
Emília Araújo
Profª. Auxiliar
ICS
Henrique Barroso
Prof. Auxiliar
ILCH
Jorge Pamplona
Prof. Auxiliar
ECUM
José Crispim
Prof. Auxiliar
EEG
Lino António Costa
Prof. Auxiliar
ENG
Lisa Maria de Freitas Santos
Profª. Associada c/ Agreg.
ECUM
Manuel Gama
Prof. Catedrático
ILCH
Manuel Sarmento
Prof. Associado c/ Agreg.
IE
Maria Custódia Jorge Rocha
Profª. Auxiliar
IE
Maria Helena Martinho
Profª. Auxiliar
IE
Maria Irene Falcão
Profª. Associada
ECUM
Maria Joana Soares
Profª. Associada
ECUM
Maria João Gomes
Profª. Auxiliar
IE
Patrícia Jerónimo
Profª. Auxiliar
ED
Paula Veiga Benesch
Profª. Auxiliar
EEG
Pedro Barbas de Albuquerque
Prof. Associado
EPSI
Pedro Rangel Henriques
Prof. Associado
ENG
Rosa Cabecinhas
Profª. Associado
ICS
Sérgio Paulo Guimarães de Sousa
Prof. Auxiliar
ILCH
Tânia Meneses Montenegro
Profª. Auxiliar
EEG
Teresa Freire
Profª. Auxiliar
EPSI
Teresa Maria Sousa Araújo Pereira Mora
Profª. Auxiliar
ICS
Virgínio Isidro Martins de Sá
Prof. Associado
IE

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