Razões para uma candidatura
Num tempo de
múltiplas crises (financeira, económica, social, democrática…) e incertezas
quanto aos futuros (im)prováveis, cuja construção se encontra ligada aos atores sociais e à sua
capacidade de pensar e influenciar as micro, meso e macroestruturas sociais, o
conjunto de professores e professoras, investigadores e investigadoras que
constituem a presente candidatura ao Senado Académico da Universidade do Minho
tem como objetivo fundamental, dentro das competências do órgão a que se
candidatam, dar cumprimento ao ideário da Universidade Cidadã. Cumprir esse
ideário significa a construção de contextos e processos propiciadores de uma
vivência universitária que, fugindo aos cânones estabelecidos, dê visibilidade à
multiplicidade de perspetivas e de sensibilidades que caracterizam e fazem
parte da Academia, construindo práticas de cidadania ativa crítica, de
exercício de uma cidadania responsável, autónoma, criativa e emancipatória.
Dentro dos
compromissos assumidos pela Universidade Cidadã, destacamos, nesta candidatura:
a)
Defesa do caráter público da Universidade e da sua gestão democrática,
favorecendo práticas de colegialidade, contra a concentração excessiva de
poderes.
b)
Desenvolvimento das práticas de participação e de publicidade democrática
relativas aos atos de governo e de gestão.
c)
Respeito ativo pela diversidade dos saberes, áreas de conhecimento e
subculturas académicas, contrariando tendências para a estandardização e a
homogeneização, que tantas vezes desqualificam ou menorizam o outro.
d)
Defesa do património da Universidade, abrindo-o ao espaço e à fruição
públicos, sem barreiras desnecessárias e à margem de critérios mercantis.
e)
Acesso à informação através de adequados meios de circulação, vertical e
horizontal, garantindo a indispensável comunicação na Academia.
f)
Criação de um ambiente educativo de cidadania ativa e crítica e de
aprofundamento dos direitos humanos, contra todas as formas de discriminação,
incluindo campi livres de praxes.
g)
Abertura à crítica, sensibilidade e atenção aos problemas da vida
universitária.
h)
Defesa intransigente do prestígio e do superior interesse da
Universidade, reforçando a sua natureza de bem público ao serviço de uma sociedade
mais democrática, desenvolvida, sustentável e solidária.
i)
Atitude simultaneamente cooperativa, crítica e leal para com todos os
órgãos de governo e de gestão, com destaque para o Reitor.
j)
Procura da excelência
académica no ensino e na investigação, entendidas como dimensões não
separáveis, mas antes complementares, e à luz de um conceito de qualidade
social e educativa para todos.
k)
Abertura à sociedade e
interação com a comunidade, em termos de reciprocidade e de responsabilidade
social e ético-política.
l)
Valorização social,
cultural e económica do conhecimento produzido, de acordo com o interesse
público.
m)
Promoção de uma real
liberdade e autonomia académicas, nos planos científico, pedagógico e cultural,
para docentes e investigadores/as, capaz de potenciar a concretização dos seus direitos.
Neste sentido, aprofundamento
da democracia em contexto universitário
significa:
a) Reflexividade e ação fundamentada.
b) Transparência e participação nos
processos de decisão.
c) Transformação do poder, melhorando e
aprofundando práticas democráticas, construindo-o na sua horizontalidade.
As autoras e os
autores desta candidatura comprometem-se, assim, através da mesma, a
desenvolver processos participados na tomada de decisão, articulando democracia
representativa e democracia participativa, auscultando (e discutindo com) os/as
colegas em todos os assuntos que afetem o seu quotidiano profissional e que
façam parte da agenda do Senado ou em outros assuntos considerados relevantes
dentro das competências deste órgão.
Este
aprofundamento da democracia implica uma Universidade
mais esclarecida, que não se deixa dominar por um determinismo (mais ou
menos) subtil de determinadas agendas científico‑financeiras, abrindo-se a
outros apelos e a outras visões da sociedade; uma Universidade mais participada, com professores/as e
investigadores/as autónomos/as, responsáveis, interventivos/as e
transformadores/as; uma Universidade mais
humanizada, que significa uma universidade que se pensa e se desenvolve
tendo o bem-estar da pessoa como centro da sua ação pedagógica e científica,
contribuindo para a humanização das sociedades.
Sobre a posição da presente candidatura
face às competências específicas do Senado
O Senado
Académico é um órgão consultivo que, de acordo com o consagrado nos Estatutos da Universidade do Minho, “assegura a coesão da
Universidade na prossecução da sua missão, cumprindo funções de coordenação,
prospetiva e planeamento em matérias pedagógicas e científicas que ultrapassem
o âmbito das unidades orgânicas”. Os Estatutos definem os assuntos que são
submetidos à apreciação do Senado, incluindo-se nestes a sua principal, ou
talvez mais exigente, competência, de âmbito lato, e explicitada como a
“…análise estratégica da oferta educativa, da atividade científica e da atividade
de interação com a sociedade, tendo em conta o quadro de referência
internacional”.
Importa, pois, apresentar, neste documento, a posição e a visão,
também necessariamente genéricas, da lista
candidata face a esta competência central do Senado Académico.
As atividades de
ensino, investigação e interação com a sociedade constituem pilares
fundamentais que definem a missão da Universidade e que coexistem, articulando-se
entre si, dado que a criação de conhecimento condiciona fortemente a vertente
educacional e de interação com a sociedade.
Queremos
realçar, como preocupação fundamental desta candidatura, a manutenção e reforço
da autonomia dos investigadores e investigadoras, professores e professoras no
que diz respeito às três vertentes acima mencionadas. A autonomia requer um
exercício simultaneamente coletivo, por parte da Universidade no seu todo, e
individual, por parte dos seus elementos docentes e discentes, e é um valor
essencial que faz parte do âmago e da natureza da Universidade. A autonomia
garante a liberdade académica face a pressões externas e internas e origina,
consequentemente, o debate, a crítica e os processos que permitem o avanço do
conhecimento, sendo fundamental para que a Universidade cumpra adequadamente a
sua missão.
Uma perspetiva
mais humanista, mais cívica e mais integral da vertente educacional, tem sido
comprometida por pressões imediatistas, e muitas vezes economicistas, que têm
influenciado recentes alterações nos planos de estudos dos cursos da Universidade.
Pensamos ser necessária uma perspetiva educacional que facilite, quer a
adaptação a dinâmicas aceleradas de mudança científica e tecnológica, quer
também o desenvolvimento de uma consciência humanista e de uma ação cívica,
essenciais num mundo caracterizado por fortes transformações e desafios sociais
e ambientais.
A interação com
a sociedade tem-se mostrado uma vertente com crescente importância. No entanto,
tem sido interpretada, nos últimos tempos, de forma preferencial, como a
interação com as empresas. Não negando a validade e a oportunidade dessa
relação, e admitindo as enormes pressões políticas e financeiras que a essa
perspetiva têm levado, consideramos
que a interação com a sociedade não deve privilegiar (apenas) esse
segmento da sociedade. A democratização da Universidade passa também pela
democratização da interação com a sociedade, alargando o leque de
relacionamentos e de serviço a grupos e dinâmicas sociais e políticas que não
são necessariamente ditadas por motivos económicos. A legitimação da
instituição Universidade perante a sociedade no seu todo certamente exigirá
desta uma abertura e uma atenção maior à totalidade dos grupos, sensibilidades
e epistemologias que a compõem.
LISTA DE CANDIDATOS
Maria José Manso Casa-Nova
|
Profª. Auxiliar
|
IE
|
Fernando Augusto Pinto Miranda
|
Prof. Auxiliar
|
ECUM
|
Isabel Cristina Pinto Mateus
|
Profª. Auxiliar
|
ILCH
|
Luís Manuel de Jesus Cunha
|
Prof. Auxiliar
|
ICS
|
Fernando Carlos Cabrita Romero
|
Prof. Auxiliar
|
EENG
|
Isabel Maria Estrada Carvalhais
|
Profª. Auxiliar
|
EEG
|
SUBSCRITORES EFETIVOS
Ana Cristina Braga
|
Profª. Auxiliar
|
ENG
|
Cacilda Maria Lima Moura
|
Profª. Auxiliar
|
ECUM
|
Emília Araújo
|
Profª. Auxiliar
|
ICS
|
Henrique Barroso
|
Prof. Auxiliar
|
ILCH
|
Jorge Pamplona
|
Prof. Auxiliar
|
ECUM
|
José Crispim
|
Prof. Auxiliar
|
EEG
|
Lino António Costa
|
Prof. Auxiliar
|
ENG
|
Lisa Maria de Freitas Santos
|
Profª. Associada c/ Agreg.
|
ECUM
|
Manuel Gama
|
Prof. Catedrático
|
ILCH
|
Manuel Sarmento
|
Prof. Associado c/ Agreg.
|
IE
|
Maria Custódia Jorge Rocha
|
Profª. Auxiliar
|
IE
|
Maria Helena Martinho
|
Profª. Auxiliar
|
IE
|
Maria Irene Falcão
|
Profª. Associada
|
ECUM
|
Maria Joana Soares
|
Profª. Associada
|
ECUM
|
Maria João Gomes
|
Profª. Auxiliar
|
IE
|
Patrícia Jerónimo
|
Profª. Auxiliar
|
ED
|
Paula Veiga Benesch
|
Profª. Auxiliar
|
EEG
|
Pedro Barbas de Albuquerque
|
Prof. Associado
|
EPSI
|
Pedro Rangel Henriques
|
Prof. Associado
|
ENG
|
Rosa Cabecinhas
|
Profª. Associado
|
ICS
|
Sérgio Paulo Guimarães de Sousa
|
Prof. Auxiliar
|
ILCH
|
Tânia Meneses Montenegro
|
Profª. Auxiliar
|
EEG
|
Teresa Freire
|
Profª. Auxiliar
|
EPSI
|
Teresa Maria Sousa Araújo Pereira Mora
|
Profª. Auxiliar
|
ICS
|
Virgínio Isidro Martins de Sá
|
Prof. Associado
|
IE
|
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